segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Meu Eu-Pássaro

      Quando eu era criança tinha uma fascinação incrível por pássaros. Uma vez cuidei de um pássaro com a asa quebrada por três dias, e mesmo nem sabendo se ele estava gostando daquilo, tudo o que eu queria era vê-lo voar de novo. Eu adorava observar eles voando em bando, achava aquilo tão mágico.
      Não tive mais tanto fetiche por pássaros nesses últimos anos, mas em um dia sem nada para fazer me peguei olhando para o céu observando-os de novo, lembrei do dia em que fui uma mamãe-pássara, todo aquele sentimento voltou, e eu comecei a ver esses animais com outros olhos. Eles voam em bando, vivem disso, estão destinados a isso e apenas seguem o fluxo da vida, não deixam nada os abalar ou atrapalhar. Eles bebem do rio, comem o que caçam e acham, aproveitando cada fruto do seu próprio esforço, sem saber o amanhã, se vai dar tempo ou não, apenas fazem e não conhecem o medo que é capaz de os impedir. Só voam para onde o vento os levam, voam para onde estão destinados a ir, voam em bando, mas sabem que é cada um por si, não esperam nada de ninguém.
     Me pergunto por que os seres humanos são assim, possuem o medo do amanhã, sendo que o amanhã pode ser o agora. Vou morrer amanhã? Agora? Daqui a pouco? Será que eu já fiz o que eu queria ter feito, ou o que eu estou destinado a fazer/viver? Viver o momento, deixar as coisas acontecerem, não se importar com a opinião alheia. Será que isso é tão difícil assim?
    Dizem que o homem é o ser mais inteligente da Terra, mas criamos o nosso próprio medo: nosso próprio Eu. Somos os únicos que nos impedimos de seguir nossos destinos. Livre arbítrio. Isso significa alguma coisa? Nós escolhemos se vamos nos importar com o que dizem ou não, culpar o próximo não enche nem o orgulho mais vazio. Orgulho é aquilo que nos faz defender o que acreditamos. Orgulho próprio. Massagear o ego é humano, e humano é errar.
    No fim, meu filhinho pássaro fugiu, talvez porque aquele não era seu lar e não estava destinado a ser. Ou, como eu gosto de pensar, fui uma ótima mãe e o eduquei para voar com as próprias asas. Minha mãe me ensina a pular, mas quem bate as asas sou eu. Não sei de onde vem essa minha fascinação por pássaros, talvez de alguma vida passada, ou talvez eu seja um pássaro de alguma forma metafórica… Mas quem sabe não seja só o destino me dando um empurrãozinho…

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