sábado, 13 de dezembro de 2014


  Medo. Um sentimento que todos com um pingo de humanidade já vivenciaram e vivenciam no dia-a-dia de suas miseráveis vidas. Medo de aranha, barata, formiga. Medo do escuro, da solidão, da multidão. Medo que se torna fobia. Medo que faz sua rotina, evitando se encontrar com tais causadores. Medos são muitas vezes irracionais e tão pessoais, mas mesmo assim há sempre quem os julgam fúteis. Podem até ser, mas ele mexe com uma parte de nosso cérebro que nem nós mesmos conseguimos decifrar, e esse é o grande problema. Medos podem ser provindos de alguma situação traumática ou não agradável, mas esse é o tipo que tem menor problema, pois podem ser superados. Mas para ser superado, é preciso a aceitação do tal para a compreensão da razão de o abster de sua vida. Tá, não é tão fácil assim, porém, existem piores tipos de medo, acredite.
  Medo oculto. Ele está ali guardado na mais profunda imensidão de seus segredos mais sagrados, aqueles que você nem conta mais em pensamento para você mesmo. É tão secreto e tão perigoso, que é quase imperceptível. É ele que às vezes atrapalha a maior parte do desenvolvimento da sua vida, em maior parte na pessoal. Ele está tão escondido que se torna um espião de uma agência desconhecida que nem mesmo a CIA ouviu falar. Você. Você se torna prisioneiro do seu próprio agente secreto treinado pra agir como tal. E o grande desafio é se livrar dele.
  Primeiro passo: Descobrimento do agente estranho. Check ✓
  Segundo passo: Aceitação. Check ✓
  Terceiro passo: Dar um passo para a superação.
  Quarto passo: Superação.
  Há muito tempo venho me perguntando o que há de errado comigo. Por quê eu faço tudo errado? Por quê eu magoo as pessoas que eu amo? Por quê eu me afasto das pessoas mesmo as amando? Por quê eu conquisto e não me permito ser presenteada com o mesmo amor que eu dou? Aí está ele: o medo. Tenho medo da insegurança. Tá, e daí? Todo mundo é inseguro. Não, vou repetir. EU TENHO MEDO DA INSEGURANÇA. Tenho tanto medo de ser insegura, de não realizar minhas ações do jeito esperado, que acabo desistindo de tudo pela minha própria previsão de que vou ficar com medo de falhar, e, assim, nem tento.
  Eu amo as pessoas e amo me relacionar com elas. Amo me sentir querida. Amo conversar. Amo ouvir. Amo conhecer. Amo sonhar com possibilidades de convivência. Mas não amo o fato de não querer amar. E não suporto a chance de me amarem, pois, para mim, nada é real, tudo acontece apenas na minha parte criativa do cérebro que nunca permitirá se tornar real. Eu vivo presa num mundo que não é só meu, e me julgo egoísta por não partilhar dele com ninguém, mas também me sinto ridícula em achar que pelo menos por um momento alguém realmente irá se importar com ele. Porque ninguém se importa como eu. Ninguém se importa comigo do mesmo jeito que eu me importo com todos. Fofoqueira? Não. Interesseira? Também não. Desocupada? Negativo. Tenho muita roupa pra guardar. Curiosa? Talvez. Mas da maneira mais passiva que se pode existir. Eu acredito que sou ninguém. Aquele do filme Mr. Nobody, só que, ao contrário de mim, ele tem uma vida - uma não, três. Eu tenho essas várias vidas, só que é uma vida em que só eu participo, e nem sempre eu sou a protagonista, pois na real em que eu vivo,  estou ausente de todas as cenas principais. E eu tenho medo disso. Tenho medo de ser ninguém. Mas me conformo não sendo. Tenho medo da conformidade, mas estou confortável com ela. Julgo quem se conforma e quem tem medo de ser. Aconselho, brinco, acolho e ajudo aqueles que possuem o mesmo medo que eu. Mas jamais conseguirei superá-lo. Pois esse é meu maior medo. Eu não quero. Há uma garota dentro de mim que grita pra se libertar, e pede por comida toda vez que se aproxima da chance de ultrapasssar esse passo de superação. Só por me olhar, já dá para perceber que muitas vezes já encontrei essa chance e a deixei escapar. Sei que sou eu quem faz as chances. Mas sei também que sou eu que as desperdiço. Eu. Eu faço tudo acontecer. Eu faço tudo errado. Eu que não faço nada. Eu que faço e não deixo acontecer. Por querer ter tudo no controle, tudo foge de minhas mãos. Vivo tanto com meu medo de ter medo, que estou me tornando ele. Ele já faz parte de mim. Ele me englobou por inteiro. Eu tenho medo de mim. Eu sou meu medo. Eu sou o medo. Um parasita de mim mesma. Na real, a grande questão é que eu ainda espero que, por trás da minha capa protetora de puro temor, ainda esteja alguém esperando por mim para olhar nos meus olhos e enchergar que no fundo deles ainda há uma alma que pede socorro. Mas enquanto isso, as lágrimas e os sorrisos escondem a verdadeira razão pela qual eu não desisto de lutar enquanto desisto de todo o resto. Não há respostas, mas a esperança de obtê-las é maior. A verdade é que a gente vive pela esperança. Nós somos feitos de esperança, como gordos são feitos de gordura. Pois quanto mais gordo se é, mais esperança de mudar se tem. Todo dia há uma nova esperança. Prazer, eu sou o medo cuja única forma de vida que me habita é a esperança.
  XOXO

Nenhum comentário:

Postar um comentário